O autismo e a educação especial em si, é algo que tem tomado bastante meu tempo nesses últimos dias, e é um assunto para o qual venho direcionando meu foco para leitura e entendimento. Acho que Educação Especial e inclusão são assuntos de extrema importância dentro da pedagogia e para os quais nesse momento estou dando maior destaque, então, conforme caminham minhas leituras quero ir compartilhando aqui com vocês... E me perdoem se o assunto ficar muito repetitivo, pois muita coisa já foi dita no resumo do debate, mas acho que quanto mais claro ficar melhor não é mesmo? Todos os comentários e sugestões são recebidos sempre com muita alegria! :)
AUTISMO - Conceito
Se falar sobre a enunciação de qualquer doença ou
síndrome, demanda falar necessariamente da sua evolução histórica. Estudar a
definição do autismo torna imperativo saber o que se conjeturou sobre a
definição e etiologia dessa síndrome até então, uma vez que as primeiras
tentativas de delimitar um saber sobre esse distúrbio aconteceram no início do
século passado.
Não é a proposta do presente artigo, fazer um
resgate profundo sobre como a definição do autismo evoluiu e como adquiriu
diferentes aspectos. Mas, tentar lembrar alguns aspectos históricos
importantes, para que a tentativa de se fechar uma definição não seja estéril e
a-histórica.
Leo Kanner em
1943 e Hans Aspeger, no ano seguinte descrevem uma forma de patologia infantil
com sintomatologia muito parecida, o primeiro autor, por escrever sua obra em
inglês torna-se mais conhecido que o segundo, que publica suas descobertas com
o original em alemão. Mesmo Gauderer (1993,
pg 8), não compartilhando a conceituação do autismo dada por Kanner (1943),
lembra que este último afirmava ser o autismo um distúrbio inato do contato
afetivo, relacionando-o com fenômeno da linha esquizofrênica, talvez pela sua
influência de Bleuler que estava impregnado com as idéias da psicanálise.
Kanner associava o autismo à psicose por falhas nos exames físicos e
laboratoriais e por acreditar que ocorressem entre os parentes algumas formas
de “refrigeração emocionais”, diferente de Gauderer (1997, pg 8) que acredita
que o autismo é um quadro de um distúrbio do desenvolvimento não havendo
qualquer indício de etiologia psicológica.
As principais características do autismo seriam: 1)
as dificuldades no relacionamento com pessoas; 2) desejo obsessivo a preservar
coisas e situações; 3) alterações da linguagem e na comunicação interpessoal.
Com o advento
do diagnóstico diferencial e mudanças por parte da psiquiatria e da psicologia
na forma de compreender essa patologia, pôde-se ver que na esquizofrenia que
ocorre na infância notam-se comportamentos estranhos, mas os mais típicos são
alucinações, delírios, associações soltas, desconexas ou incoerente do
pensamento, sintomas estes que não aparecem no autismo, como nos lembra
Gauderer (1997, pg 10).
Para este autor, o autismo é uma inadequalidade no
desenvolvimento que se manifesta de maneira grave durante toda a vida. É
incapacitante e aparece nos três primeiros anos de vida. Atinge as famílias de
qualquer configuração racial, étnica e social, não se conseguiu até agora
provar nenhuma causa psicológica no meio ambiente dessas crianças que possa
causar a doença.
Para Petters (1998, pg 65), tratam-se de crianças
que vieram com uma inabilidade inata de ter contatos afetivos normais e
biologicamente determinados com as pessoas.
Ainda persistem profissionais que acreditam na
psicogenia do autismo. Por mais que até o presente momento alguns psicanalistas
tentem argumentando sobre a imbricação do autismo com a psicose, o próprio
Dicionário de Psicanálise de Laplache e Pontalis, (2001, pg 391) traz que a
psicose teria como denominador comum os sintomas manifestos pela tentativa
secundária de restauração do laço objetal, através da construção delirante,
ausente no autismo, como dito antes. Essa concepção não parece sensata, já que
parte do pressuposto de que seria uma forma de patologia que afetava crianças
anteriormente normais, como afirma Rutter em seu artigo para o livro de Gauderer,
1997.
Autores, como Ornitz, no mesmo livro argumentam ser
o autismo um grave distúrbio no desenvolvimento do comportamento que não
apresenta sinais neurológicos demonstráveis, nem uma neuropatologia consistente
e nem marcadores genéticos.
Para Schwartzman (1994, pg 15) o autismo é uma
condição crônica com início sempre na infância, em geral aparecendo os
primeiros sintomas até o final do terceiro ano de vida, que afeta meninos em
uma proporção de quatro a seis para cada menina. A estimativa é de dez para cada
dez mil nascimentos, essa síndrome para este autor vem de condições nos
períodos pré-peri-pós-natais.
Neste momento
pode-se tentar pensar sobre o autismo como uma incapacidade de aprendizagem
social diferente de uma incapacidade intelectual geral ou retardo mental, a
diferença é que no autismo existe uma desvantagem com base em um
desenvolvimento que resulta em um estilo cognitivo diferente. Hoje, fala-se, da
tríade de desordem, sendo ela formada por distúrbios de comunicação, de
interação social e de imaginação, “estes apresentam-se juntos, embora com
intensidade e qualidade variadas” (Bosa, 2002, pg 25). Em função dessa nova
noção de tríade Assumpção Jr in Guaderer e col, (1997, pg 182) afirma que não
se pode falar de uma doença e sim de uma síndrome, com as mais variadas
etiologias, em que existe um repertório comportamental característico formado
pela incapacidade qualitativa na interação social, na comunicação verbal e não
verbal e na atividade imaginativa.
Na verdade, trata-se de uma distorção grave e
generalizada do processo de desenvolvimento, podendo persistir até a idade
adulta que recebe o nome de estado residual.
O autismo pode ocorrer isoladamente ou em associação
com outros distúrbios que afetam o funcionamento do cérebro, como infecções viróticas,
distúrbios metabólico, epilepsia e retardo mental, pode está associado a
doenças orgânicas como rubéola congênita ou fenicce tonúria, havendo dois
diagnósticos, a síndrome comportamental e a doença física, advoga Gauderer
(1997, pg 12).
Os critérios diagnósticos para o autismo são os
seguintes:
Início antes dos dois anos e seis meses (trinta
meses) de idade;
Uma determinada forma de desvio do
desenvolvimento social;
Uma determinada forma de desvio da linguagem;
Comportamentos estereotipados e rotinas;
Ausência de delírios, alucinações e distúrbios
do pensamento do tipo esquizofrênico.
Agora gostaria da colaboração de vocês sobre o assunto! Deixem seus comentários!! :)
Postado por: Larissa Lopes
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