Larissa Ovando Lopes 06/02/2010
RESUMO
O foco principal deste
trabalho foi identificar em quais dos aspectos humanos a música poderia
influenciar, potencializar e ou desenvolver. A pesquisa identificou desde os
aspectos cognitivos, até os de coordenação motora, autoestima, etc. Dividi as
áreas do conhecimento para poder explicar mais detalhadamente cada uma delas.
Palavras-chave: Música,
desenvolvimento, educação.
1 INTRODUÇÃO
Música e aprendizagem é certamente um tema bastante extenso, até mesmo
muito mais do que nós do grupo imaginávamos, e é de grande relevância não
apenas para a própria prática pedagogia como para o desenvolvimento integral da
criança. A música na infância trás inúmeros benefícios.
O próprio PCN preocupa-se com a inclusão do tema, pois considera que há
importância na formação da inteligência musical, demonstrando preocupação com a
inclusão da música como ferramenta para a aprendizagem, como o ensino da música
com a música e ressalta que a utilização da música para a aprendizagem é
fundamental na formação dos cidadãos.
O alvo principal de nossa pesquisa foi saber qual a real importância do
tema para a prática docente, e como aplicá-la na rotina escolar. Percebemos que
a musicalização já se inicia no lar, através dos estímulos que os pais
oferecem, sejam instrumentos musicais, instrumentos sonoros, discos, canções,
jingles, etc. Na escola será realizado o direcionamento deste interesse para o
desenvolvimento (da criatividade, coordenação motora, lateralidade lógica,
etc.) e a sistematização de tudo isso.
Crianças que crescem ouvindo, cantando e dançando, estão desfrutando do
que os cientistas chamam de riqueza sensorial, esta criança está absorvendo
mais do que apenas diversão, está desenvolvendo seu lado intelectual. E as
crianças que já tinham uma ligação com a música antes de irem para a escola
respondem muito melhor aos estímulos musicais implícitos pelas professoras.
A música é utilizada em vários momentos da rotina escolar: na hora da
roda da música, momento de conversar, esclarecer mal- entendidos, aprender e
apresentar coisas novas, na hora da merenda, e em vários outros momentos, mas o
objetivo dessas canções para as professoras é ensinar conteúdos, hábitos ou valores,
para acalmar ou estimular.
2 A MÚSICA
O desenvolvimento musical da criança não ocorre por si mesmo,
mas através de atividades musicais, onde ocorrem as trocas de aprendizagem. A
prática educativa associada à linguagem musical apresenta maior significação
para o desenvolvimento da cognição e interação entre as crianças.
A música, especificamente estimula o aprendizado e tem o
poder de despertar a criatividade, auxilia no desenvolvimento de suas
potencialidades, e podemos dizer que auxilia no desenvolvimento total da
criança, pois influencia desde raciocínio lógico e matemático, até afetividade,
ética e estética, a música entra em todas as áreas da vida e do desenvolvimento
humano e tem influencia relevante à educação e ao aprendizado. Com base neste
raciocínio, a música deve ser explorada de todas as formas, por inteiro, desde
a sonoridade até a letra. Isso não facilita o processo de educar a acriança,
pois desenvolve seu senso crítico, e ela passa a ter uma visão inteira,
completa da realidade. A música traduz muita coisa, ela é carregada de emoção,
e não de razão.
Em No som da Música... O Tom da Aprendizagem..., Érica Gomes
Pontes, ela coloca os seres humanos como seres essencialmente musicais, segundo
a autora, a música diz o indizível, traduz o enigma. Labirinto oculto no qual a
própria psicologia se debruça na tentativa de clarificar. E propõe uma questão.
Afinal, não é esta o anseio da ciência psicológica, dar voz, som e cor ao
mistério humano? E não é mesmo? A música é muito mais do que mera diversão e
entretenimento, ela molda e revela o mais íntimo do ser humano, e por esse
motivo devemos ter muito consciência do que estamos passando para as crianças,
pois neste contexto o fazer musical está resinificando a educação.
Ao vasculharmos a história das civilizações, encontrarmos, em todos os
povos antigos, independentemente de traços culturais, a priorização da música
enquanto instrumento de expressão de sentimentos e ensinamentos. Já haviam
descoberto o mágico poder contido nas estrofes de uma canção.
Canta-se para velar os mortos, e canta-se para celebrar uma nova vida.
Canta-se em rituais de agradecimento e canta-se para invocar a proteção dos
deuses. Canta-se para se preparar para a guerra e canta-se para glorificar o
amor. O som musical desde tempos imemoriais, tem-se mostrado privilegiado
recurso simbólico, e fonte inesgotável de prazer.
Prazer que há muito foi usurpado de nossas instituições educacionais. Não
é raro encontrarmos discursos provindos de diversas esferas sociais, onde
deparamo-nos com “escolares” que ainda não descobriram o prazer no ato de
aprender.
Se naturalmente, a civilização humana utilizou-se da música
enquanto instrumento de aprendizagem, porque devemos negar este processo à
nossas crianças? É certo que a música tem adentrado, timidamente, as
instituições escolares nos últimos tempos.
É preciso resgatar a cor, o movimento e o lúdico, se
desejamos romper com este cenário tempestuoso no qual se encontra a Educação.
3 A MÚSICA E O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA
A música é uma linguagem
universal, que ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço, e a criança vive
mergulhada num ambiente sonoro. Ainda bebê brinca com os sons, com o passar do
tempo a música para ela vai se tornando cada vez mais educativa e informativa
3.1 A MÚSICA E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Diversos estudos
confirmam que a influência da música no desenvolvimento da criança é
incontestável. Alguns deles demonstram que o bebê, ainda no útero da mãe,
desenvolve reações estímulos sonoros.
Quando simplesmente
ouvimos música com atenção, os estímulos cerebrais também são bastante
intensos. A música possibilita uma diversidade de estímulos e seu caráter
relaxante pode estimular a absorção de informações.
A prática da música seja
pelo aprendizado de um instrumento ou pela apreciação ativa potencializa a
aprendizagem cognitiva, particularmente no campo do raciocínio lógico, da
memória, do espaço e do raciocínio abstrato.
3.1.1 O DESENVOLVIMENTO DA INTELIGÊNCIA HUMANA
Em A música e o
desenvolvimento da mente no início da vida: investigação, fatos e mitos,
Beatriz Ilari (UFPR), fala-nos sobre o “Efeito Mozart”, explicando que nos
últimos anos, frases como “a música deixa o ser humano mais inteligente” ou
“ela estuda música e por isso é muito boa de raciocínio” podem ser ouvidas em
diversos ambientes – em conversas informais entre amigos, em círculos
familiares, na televisão e até mesmo em contextos educacionais. Geralmente,
quando estas frases são pronunciadas, há uma tendência natural em associarmos o
aprendizado musical a atributos ou rendimentos em outras áreas do conhecimento.
Um exemplo disso foi o chamado o ‘Efeito Mozart’, que causou (e ainda causa)
segundo a autora, muita polêmica.
Há cerca de uma década, a
disseminação prematura pela mídia dos resultados de uma investigação científica
preliminar deu origem ao “Efeito Mozart”, nome atribuído a uma pequena melhoria
em um teste de habilidades espaciais ocorrida logo após a audição de uma
determinada obra musical de Mozart. Seus pesquisadores segundo a autora
compararam a desempenho de ratos de laboratório e de estudantes universitários
em condições sonoras variadas, como no silêncio e na presença de peças de
Mozart e Phillip Glass, e concluíram que a audição da música de Mozart causava
um progresso temporário nas habilidades espaciais de seus participantes. O
“Efeito Mozart”, que hoje é marca registrada, deu origem a uma verdadeira febre
de consumo da música de Mozart e de programas ‘mágicos’ de educação musical,
que prometiam desenvolver bebês mais inteligentes e mais aptos a obterem um
lugar em universidades famosas.
Houve muitas pessoas na
área científica que tentou replicar a tese, uma das principais contestações da
comunidade científica referiu-se ao equívoco dos defensores do efeito ao
tomarem as habilidades espaciais como se elas fossem sinônimos da inteligência
humana. Sabe-se hoje em dia que a inteligência humana é multifacetada e que as
habilidades especiais constituem apenas parte do conjunto de habilidades que
constituem a inteligência humana.
3.1.2 O RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
A discussão acerca da
existência de uma relação causal entre a música e a matemática é bastante
antiga. A própria história da música fornece uma possível explicação para
tamanho interesse nesta relação. Na Antiguidade, por exemplo, tanto a música
quanto a matemática faziam parte dos conhecimentos dos indivíduos ilustrados e
respeitados socialmente por suas capacidades intelectuais. Além disso, há
muitas relações matemáticas contidas na própria estrutura musical, o que torna
bastante próxima a relação entre as duas áreas. Cutietta (1996b) revisou a
literatura sobre o assunto e concluiu que há alguma relação estreita entre a
música e a matemática. Contudo, sua revisão de literatura não encontrou nenhuma
relação causal entre a aprendizagem musical e as habilidades matemáticas. Em
outras palavras, Cutietta não encontrou estudos que versassem sobre o
aprendizado musical como elemento de ‘melhoria’ ou aperfeiçoamento das
habilidades matemáticas. O que o pesquisador encontrou foram estudos em que os
alunos que eram bons em música eram também bons alunos de matemática, e de
outras disciplinas. Segundo a interpretação de Cutietta, é possível que não
exista necessariamente uma relação causal sólida entre a música e a matemática,
mas que os alunos matriculados em cursos e aulas de música sejam alunos mais
aplicados que a média, sendo, portanto, bons alunos também na matemática.
Considerando que os estudos revisados por Cutietta foram conduzidos
principalmente na América do Norte e na Europa, onde há programas fortes de
educação musical na escola, é preciso muita cautela na interpretação dos
resultados das pesquisas acima mencionadas, bem como de seus métodos de
investigação. Além disso, é importante considerar que, embora a música e a matemática
tenham uma relação estreita, é preciso muito cuidado com as generalizações já
que não há nenhuma garantia de que ao aprender uma disciplina o aluno terá
sucesso na outra.
3.1.3 APRENDIZAGEM DA LINGUAGEM
Diversos estudos da neurociência sustentam o argumento de que a
música e a linguagem são duas formas de comunicação humana através de sons que
possuem tanto diferenças quanto semelhanças de processamento e de localização
espacial no cérebro (veja Marin & Perry, 1999). Do ponto de vista da psicologia
do desenvolvimento, há sugestões de que a música e a linguagem estão muito
próximas e são igualmente importantes na infância (Trainor, 1996; Trevarthen,
2001). A fala dirigida aos bebês, por exemplo, possui muitas características
musicais (Ilari, no prelo; Trainor, 1996), e alguns estudiosos chegaram a
sugerir que a melodia é a mensagem principal que os bebês captam (Fernald,
1989). Além disso, a criança está atenta e responde igualmente ao contorno da
fala e do canto dirigido a ela. A música e a linguagem, que freqüentemente se
confundem no início da vida, tornam-se mais independentes no decorrer do
desenvolvimento infantil e praticamente se dissociam quando as crianças
aprendem a diferenciar o canto da fala.
Alguns estudos
investigaram as relações causais entre o aprendizado da música e o aprendizado
da linguagem. Cutietta (1996a) revisou a literatura e encontrou uma relação
estreita entre o aprendizado das duas formas de comunicação humana por sons.
Nos estudos revisados, os alunos musicalizados mostraram um desempenho superior
ao de seus colegas não-musicalizados em tarefas de percepção e de articulação
da fala. Além disso, sugere que há uma possível relação entre a aprendizagem
musical e o aprendizado de línguas estrangeiras.
3.2 CONCENTRAÇÃO E
O CONTROLE DOS MOVIMENTOS
Aí está mais uma das grandes vantagens da
musicalização, as crianças são capazes de melhor concentração e controle de
seus movimentos, pois ela logo percebe que se não tocar as notas na ordem
correta, o som não será tão bonito quanto ela espera. Não só as notas devem
seguir uma ordem pré-determinada, como os dedos devem estar firmes em posição
específica. Essas exigências tornam-se capacidades, depois em habilidade e
expandem-se à vida acadêmica, tornando a criança em um aluno mais disciplinado.
3.3 Desenvolvimento da manifestação artística e
expressiva da criança
Assim como se utiliza da palavra ou
gestos para manifestar suas ideias, terá como meio de expressão mais uma forte
ferramenta na construção de seus argumentos - a música. As crianças tendem a
pensar na música como sendo sobre "coisas", isto é, como contando
histórias, expressando ideias, vivendo situações.
Há estudos sobre crianças autistas em que "estas
crianças, extremamente perturbadas e que frequentemente evitam o contato
interpessoal e talvez nem falem, possuem capacidades musicais incomuns. Isto
talvez, porque houvessem escolhido a música como principal canal de expressão e
comunicação, ou também porque a música é tão primariamente hereditária e que
precisa de tão pouca estimulação externa quanto o falar ou andar de uma criança
normal." Por exemplo, uma criança de 18 meses que cantava árias de ópera,
embora só viesse a falar com 3 anos de idade; de 30 crianças autistas, apenas
uma não mostrava interesse pela música.
3.4
Desenvolvimento
do sentido estético e ético
Durante o processo de criação e depuração dos elementos
musicais, ou mesmo no processo de expressão, busca-se aí o equilíbrio e a
crítica sobre o conceito do belo, do pleno, do satisfatório. As campanhas de
mídia pelas quais passamos nestes dias, trabalham muito fortemente sobre nosso
poder de julgamento e decisão. Muitas vezes, esquecemos se algo é realmente
bom, ou bonito ou dispensável. Simplesmente aceitamos. A criança tem sido um
grande alvo da mídia e também sofre esta influência.
Através da música, com seus valores estéticos intrínsecos, e
de atividades voltadas especialmente para o desenvolvimento do valor estético,
pretende-se resgatar o sentido do belo e do justo em relação às coisas que nos
rodeiam e também às nossas atitudes. O poder de escolha intermédia a busca da
estética, e esta exteriorização são à base da ética.
3.5 Desenvolvimento da consciência social e
coletiva/ética
Quando a criança canta, ou está envolvida com papéis de
interpretação sonora em coletividade, sente-se integrada em um grupo e adquire
a consciência de que seus componentes são igualmente importantes. Compreende a
necessidade de cooperação frente aos outros, pois da conjunção de esforços
dependerá o alcance do objetivo comum.
Quando estuda música em conjunto, torna-se mais comunicativa
e convive o tempo inteiro com regras de socialização. Existe a possibilidade de
respeitar o tempo e a vontade do outro, criticar de forma construtiva, ter
disciplina, ouvir e interagir com o grupo.
3.6 Desenvolvimento
da aptidão inventiva e criadora
A educação através das artes proporciona à criança a
descoberta das linguagens sensitivas e do seu próprio potencial criativo,
tornando-a mais capaz de criar, inventar e reinventar o mundo que a circunda.
E criatividade é essencial em todas as situações. Uma criança
criativa raciocina melhor e inventa meios de resolver suas próprias
dificuldades.
A criança se envolve integralmente com a música e a modifica
constantemente, exercitando sua criatividade, e transformando-a pouco a pouco
numa resposta estruturada de acordo com seus objetivos.
A criatividade é ilimitada no ser humano. Atualmente, com o
crescimento tecnológico e a busca de soluções cada vez mais aprimoradas para os
problemas vividos pelo homem atual, busca-se incansavelmente o desenvolvimento
da imaginação humana, semente de toda a evolução.
3.7 Busca do equilíbrio emocional
Para os gregos, a educação musical aprimorava o caráter e tornava
úteis os homens em palavras e ações, e os estudos de música começavam na
infância e se estendia por toda a vida.
Também o jogo musical, que não se liga a interesses materiais
ou competitivos, mas absorve a criança, estabelece limites próprios de tempo e
espaço, cria a ordem e equilibra ritmo com harmonia.
3.8 Reconhecimento dos valores afetivos
Para Piaget, o afeto é o principal impulso motivador dos
processos de desenvolvimento mental da criança e, para Celso Antunes, a
afetividade pode ser construída através de estímulos adequados e medidos.
Através da música e de seu processo de criação, torna-se aqui a criança o
criador, o gerador, formando um eterno vínculo com sua produção ou autoria .
"Fui eu quem fiz!" eles dizem com satisfação. Este é fator positivo
para o desenvolvimento de sua autoestima e identificação de suas motivações.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância da musicalização infantil
tanto em relação ao desenvolvimento cognitivo, social, afetivo, etc, vai muito
além do que supunha anteriormente.
A música é exercício para a alma, é
inspiração para crescermos saudáveis, e é essencial à formação de cidadãos mais
humanizados e com uma inteligência emocional mais assentada nos valores do bem
e da ética.
Concluiu-se quem a música está presente
em todas as áreas do desenvolvimento humano desde antes do nascimento. E faz-se
uma ferramenta muito útil no processo de ensino-aprendizagem, pois abrange
todas as áreas do desenvolvimento humano.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH,F. Quem educa quem?, 5ª
ed. São Paulo; Summus, 1985
ABERASTURY,Arminda. A criança e
seus jogos, Porto Alegre; Artes médicas, 1992
Revista eletrônica de musicologia,
vol IX – Outubro de 2005. A música e o desenvolvimento da mente no início da
vida: investigação, fatos e mitos, Beatriz Ilair (UFPR), disponível em: www.rem.ufpr.br/REMv9-1/ilari.html acesso em: 30/11/2009.
Nenhum comentário:
Postar um comentário