Vygotsky

Larissa Ovando Lopes

05/08/2010

RESUMO

A obra do autor, apesar de inacabada por função de sua morte prematura, muito têm a  colaborar com os estudos da área, Vygotsky desde pequeno interessava-se por psicologia e filosofia, e foi sem dúvida, uma mente brilhante, desde muito cedo. Vygotsky trabalhou com o conceito de mediação, Zona de Desenvolvimento Proximal, e com as funções psicológicas superiores, e buscava estudar os dois aspectos humanos, razão e sentimentos, de forma  separada, teve sua obra criticada duramente pelo governo de Stalin que o considerava rígido de mais, marxista e idealista de mais para se enquadrar em seu governo, teve suas obras censuradas por 20 anos após a sua morte. Existem poucas traduções de suas obras para o português, e mesmo assim contamos com mais de 200 artigos do autor. Vygotsky era considerado sociointeracionista e tinha a base de sua teoria apoiada no aspecto sócio cultural do indivíduo.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      

Palavras-chave: sociointeracionista, idealista, sócio cultural.

1 INTRODUÇÃO

Vygotsky foi um gênio da psicologia. Quanto não poderia ter nos legado se não tivesse  partido tão jovem? Era preocupado em entender a relação entre as idéias que as pessoas desenvolvem e o que dizem ou escrevem. Não o fez apenas especulando, mas pesquisou . E extraiu ele mesmo suas conclusões, porém não teve tempo para finalizar sua obra.

Vygotsky atribuía um papel ponderante às relações sociais, tanto que a corrente pedagógica que se peregrinou de seu pensamento é chamada de sociointeracionismo.

Os temas mais divulgados em sua obra, estão relacionados mais diretamente à dimensão da cognição, o que aparentemente pode levar a crer que ele tenha-se dedicado apenas ao estudo do aspecto intelectual do indivíduo, mas isso é um equívoco injusto com o autor, pois ele tentava justamente analisar razão e emoção separadamente.

Vygotsky vê o homem como alguém que pensa, raciocina, mas também se emociona, deseja, imagina, sonha.

2 BIOGRAFIA E BIBLIOGRAFIA

Lev Semenovich Vygotsky, nasceu em 5 de novembro de 1.896, em Orsha, e faleceu antes mesmo de completar sua obra, aos 38 anos.

O ambiente familiar foi culturalmente rico, e aos 16 anos era apaixonado por arte, história, filosofia, lingüística e literatura. Graduou-se em história e filosofia, mas tornou-se professor secundarista em escolas de cidades pequenas, por isso optou pelo curso de direito, finalizando a graduação sem ingressar na carreira.

Entre inúmeras atividades ligadas à educação fundou uma editora e uma revista, além de chefiar o teatro do departamento de Educação Popular de Gomel, anos mais tarde, funda e dirige um centro de pesquisas e atividades psicopedagógicas para surdos.

Vygotsky  é tido na atualidade como um dos mais importantes pensadores de vanguarda e considerado o Mozart da psicologia.

O estudioso Jefferson Mainardes fez um levantamento bibliográfico sobre as publicações de Vygotsky e outras na perspectiva vygotskyana.

Conforme afirma Mainardes, a teoria de Vygotsky começou a ter entrada no Brasil de modo lento , n segunda metade da dec. De 70. Na dec. De 80, em universidades como Unicamp, e PUC/SP, foram se formando grupos de estudiosos da obra desse autor.

A partir da década de 90 começaram a surgir as primeiras publicações sobre Vygotsky, principalmente artigos: tratando-se de questões conceituais e metodológicos e , em parte, de pesquisas tendo como referencial suas idéias.

Muitas dessas obras tematizam questões de aprendizagem e desenvolvimento no contexto escolar, o papel da linguagem, as interações e mediações sociais , os processos de significação, o jogo simbólico, o desenho infantil, etc.

Há poucas obras de Vygotsky disponíveis em português, todas elas traduções de textos americanos soltos, alguns deles incompletos e a rápida difusão de suas idéias nem sempre vai de par a uma compreensão mais profunda de seu pensamento.

Entre 1982 e 1984 foram publicadas em Moscou, as obras escolhidas de Vygotsky, em 6 volumes, enquanto isso surgiam nos Estados Unidos, Cuba e Rússia, traduções nas respetivas línguas

Foram publicadas no Brasil sete obras do autor, são: A formação Social da Mente 1984; Pensamento e Linguagem 1987; Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem 1988; Psicologia e Pedagogia: o macaco, o primitivo e a criança 1996 e Psicologia da Arte 1999.

Além dessas obras, ele ainda cita 10 obras de outros autores vinculados a Vygotsky publicadas no Brasil, 28 livros de perspectiva  vygotskyana, 15 capítulos de livros, 9 livros traduzidos e 89 artigos de periódicos. Sendo assim são conhecidos cerca de 200 artigos traduzidos para o português.

Suas obras receberam severas críticas na Rússia durante o governo de Stalin, suas teorias foram consideradas idealistas pelas autoridades, e consideravam-no exigente demais e marxista demais para se submeter aos dogmas impostos pelo stalinismo, e, com isso, após sua morte, suas obras foram censuradas por 20 anos e ignoradas pelo Ocidente. Começou a ser redescoberto a partir de 1956 e chegaram ao ocidente em 1962. Porém, no Brasil seu pensamento foi ainda mais tardio, somente a partir  de 1984, quando foi publicado o livro A formação Social da Mente. No entanto, até hoje os países ocidentais não tiveram acesso à totalidade de sua obra. Vygotsky  é hoje considerado um dos mais importantes psicólogos do nosso século.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Segundo Vygotsky, apenas as funções psicológicas elementares se caracterizam como reflexos- as funções psicológicas superiores, que diferenciam os humanos dos demais animais. E essas funções só se desenvolvem pelo aprendizado, entre elas encontramos consciência e discernimento. Oliveira (1997) define funções psicológicas superiores como “ o controle consciente do comportamento, a ação emocional e a liberdade do indivíduo e m relação às características do momento e dos espaços presentes.”

Outro conhecimento-chave para compreender a teoria de Vygotsky é a mediação, segundo o autor, toda relação do indivíduo com o mundo é feita por instrumentos, como se fossem ferramentas de trabalho. “É o processo de intervenção de um elemento intermediário numa relação, a relação deixa de ser direta e passa a ser mediada por esse processo.” (Oliveira, 1997, p.26). Seriam então, ferramentas que ajudam nos processos psicológicos e nas ações concretas.

Como Piaget, Vygotsky não formulou uma teoria pedagógica, mas seu pensamento tem grande ênfase no aprendizado e ressalta a importância da escola na formação do conhecimento por que, sem a intervenção pedagógica não seria possível alguns avanços que não acontecem espontaneamente.

Ao formular o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), mostrou que o bom ensino é que estimula a criança a atingir um nível de compreensão e habilidade que ainda não domina completamente, “puxando” dela um novo conhecimento.

O  ensino para Vygotsky, deve se antecipar ao que o aluno ainda não sabe e nem é capaz de aprender sozinho, porque na relação entre aprendizado e desenvolvimento, o primeiro vem antes. É a isso que se refere um de seus principais conceitos, o de Zona de Desenvolvimento Proximal, que é a distância entre o desenvolvimento real de uma criança e aquilo que ela tem o potencial de aprender- potencial que é mostrado pela capacidade de desenvolver uma competência com a ajuda de um adulto. Em outras palavras, a ZDP é o caminho que a criança consegue fazer sozinha e o que ela está perto de conseguir fazer sozinha. Saber identificar essas duas capacidades e trabalhar o percurso de cada aluno entre ambas são as duas principais habilidades que um professor precisa ter, segundo Vygotsky.

A construção do real para a teoria vygotskyana á interpessoal, ou seja, inicia-se no social e se internaliza no individual, desta maneira, a criança já nasce inserida num ambiente social o qual determina a sua visão de mundo, e esta influência ambiental se dá através de seu contato com os adultos e com outras crianças.

Tão logo, tanto o desenvolvimento infantil quanto a aprendizagem, maior será o desenvolvimento da criança e vice-versa.

Neste contexto, a linguagem se apresenta como um processo interdependente do pensamento, sendo que, para a criança adquirir a linguagem necessita que suas funções mentais sejam modificadas, e com isso surgem novas maneiras de conceber o pensamento.

Em face da relevância dada por Vygotsky à interação social dentro do desenvolvimento e de aprendizagem observam-se as interações existentes em sala de aula, que são de suma importância para a melhoria no desenvolvimento e no conhecimento dos indivíduos, tão logo, no decorrer do ensino é importante que as crianças se relacionem, sendo que cabe ao professor orientar estas inter-relações.

4 RELAÇÃO ENTRE  JOGO, APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO

O comportamento infantil é tipicamente lúdico e , através do jogo, a criança é capaz de pensar de maneira mais complexa que em outras atividades. O jogo favorece o desenvolvimento da ZDP, porque jogando, a criança se comporta além do normal para a sua idade

“[...]o jogo gera zonas de desenvolvimento proximal porque instiga a criança, cada vez mais a  ser capaz de controlar seu comportamento, experimentar habilidades ainda não consolidadas no seu repertório, criar modos de operar mentalmente e de agir nu mundo que desafiam o conhecimento já internalizado, impulsionando o desenvolvimento de funções embrionárias de pensamento [...].” (Oliveira et al.,2007, p.226).

O jogo também tem relação com o desenvolvimento potencial, por estabelecer fortes laços entre processos imaginários e desenvolvimento psicológico, proporcionando às crianças tornarem-se capazes de acessar, interpretar, significar e modificar a realidade e a si mesma.

De acordo com Vygotsky (1989), a criança passa a criar uma situação ilusória e imaginária como forma de satisfazer seus desejos não realizáveis. Esta é, aliás, a característica que define o brinquedo de uma forma geral: a criança brinca pela necessidade de agir em relação ao mundo mais amplo dos adultos e não apenas no universo dos objetos a que ela tem acesso.

É pelo jogo que surge pela primeira vez a separação entre os campos perspectivo e simbólico.

Nem toda atividade lúdica gera ZDP, assim como nem todo ensino o faz. O brinquedo pode gerar situações imaginárias e a sujeição a certas regras de conduta.

Nas situações de brinquedo e também nas situações escolares, é comum a presença de uma situação imaginária, presença de regras comportamentais. A interação verbal é imprescindível, pois colabora na criação de inter subjetividade.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vygotsky foi um importante pensador das teorias da educação, e apesar de ser por muitos considerado um extremista, teve uma ótica bastante ampla a respeito do assunto. Todas as suas teorias foram testadas cientificamente e não se mantiveram apenas em um âmbito especulativo.

Apesar de sua teoria não ser muito bem organizada e fundamentada por razão de sua morte prematura tê-lo impedido de finalizar sua obra, suas idéias são claras e precisas e muito bem aceitas na atualidade pelos professores mais bem esclarecidos.

Vygotsky não se preocupava apenas com o intelecto do indivíduo, mas buscava estudar razão e emoção separadamente. O autor olhava a criança como um todo e em sua profundidade apesar de dar mais ênfase a relação sócio-cultural, ele via a criança, não como um mini-adulto, mais como pessoas  em fase de desenvolvimento com necessidades e peculiaridades bem diferentes dos adultos.

Vygotsky era considerado um sociointeracionista e é conhecido como um gênio, o pai da psicologia, e realmente tem muito a nos oferecer se o estudarmos a fundo.

Vygotsky atribuiu muita importância ao papel do professor como impulsionador do desenvolvimento psíquico das crianças. A idéia de um maior aprendizado não quer dizer, porém, que se deve apresentar  às crianças uma quantidade enciclopédica de conteúdos, mas sim , formas de pensamento,mas não sem antes detectar que condições elas têm de absorvê-las.

REFERÊNCIAS

GIUSTA, A. da S. 1985. Concepções de Aprendizagem e Práticas Pedagógicas. In: Educ.Rev. Belo Horizonte.

MAINARDES, Jefferson. Educação & Sociedade – Publicações brasileiras na perspectiva vygotskyana. Disponível em: < <http://www.scielo.br/scielo.php?title=Lev_Vygotsky&oldid=19139208>. Acesso em : 17/03/2010

MARINHO, João Paulo Meira. O ato de pensar e a influência na Linguagem. Disponível em: <http://www.visaogeografica.com/resenhas.htm> . Acesso em: 07/06/2010.

PEREIRA, Eliane Regina. Caderno de Estudos: psicologia da educação e aprendizagem, Centro Universitário Leonardo Da Vinci. – Indaial: ASSELVI, 2009.

PEREIRA, Eliane Regina. Caderno de Estudos: psicologia geral e do desenvolvimento, Centro Universitário Leonardo Da Vinci. –Indaial: ASSELVI, 2009.

REGO, Tereza Cristina. Uma perspectiva histórico cultural da educação. Petrópolis-RJ:Vozes, 1995.

VYGOTSKY, Lev.S .O Teórico do ensino como processo social . Disponível em:< http://revistaescola.abril.com.br> .Acesso em: 27/05/2010.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.