quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR

A questão da formação docente está sendo objeto de estudo de vários autores brasileiros, preocupados com a atual situação escolar, e que tem uma visão não apenas do educando  mas também tem um olhar crítico em relação ao educador, educador esse que tem sido cada vez mais cobrado em uma postura ética e reflexiva por um mercado que visa estabelecer um perfil desejável de profissional em um quadro de atribuições práticas. Mas muitas vezes o que encontramos na realidade das escolas, são professores despreparados, desanimados e desmotivados, por diversas dificuldades e limitações impostas aos professores da atualidade, principalmente de escolas públicas estaduais ou municipais, na qual a falta de formação torna-se cada dia mais, um dos mais relevantes itens, desta numerosa lista. Podemos afirmar hoje, com toda a certeza que  a formação docente é algo que fica cada vez mais implícito aos educadores, na verdade, esta é uma realidade de que não se tem como escapar, nem tão pouco  se tem como deixar para depois, é uma necessidade que se faz agora, e que não pode mais esperar, pois nossos alunos de hoje, não são mais os mesmos alunos de antes, não tem mais os mesmos interesses, não estam mais no mesmo ritmo que os dos anos anteriores, temos vários fatores que tornam-se complicadores nesse aspecto, como o avanço desenfreado das tecnologias, principalmente as de comunicações, que são de fato bons, e trazem muitos benefícios, mas acabam tornando-se para muitos professores, uma barreira quase que intransponível, pela falta de formação, que nem sempre ocorre por falta de interesse dos mesmos.
O cenário do mundo atual inclui diversas questões anteriormente inexistentes como globalização, a revolução da informática, novas demandas sociais, exigência de novas competências ,  valorização de uma nova postura ética nas relações de trabalho, etc . Tudo isso, leva à construção de um perfil de profissional que exige a mudança de mentalidade, cada vez mais preparado para lidar com as incertezas.
 Sabemos que a formação de um professor não existe de outra forma a não ser continuada e permanente,  um professor jamais saberá o suficiente, o mesmo aprende todos os dias, na troca com seus alunos, sejam eles de qualquer faixa etária, sempre há o que aprender. Mas esta formação pela  prática do magistério não é suficiente para suprir a demanda de necessidades de nossos alunos, nem tão pouco  as do mercado de trabalho, é preciso muito mais. É claro que uma pessoa que pretende ser um professor, deve inicialmente formar-se num curso de graduação, mas os cursos de formação continuadas estão cada vez mais presentes , e se fazem cada vez mais importantes, importância essa traduzida pela necessidade de uma busca constante de renovação profissional com vistas ao aperfeiçoamento e conseqüente redução dos riscos de desatualização do conhecimento. Particularmente não gosto muito dessa palavra, mas o que se faz necessário hoje é capacitação, literalmente.  “ ... assumindo-se como sujeito também da produção do saber, se convença definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou sua construção.” (FREIRE. 1996,p.22).
Alguns autores brasileiros, entre eles Paulo Freire, Arce, Freitas, Libâneo e Schotten, expressam claramente a necessidade desta formação para os professores, considerando que, ensinar, não é apenas transmitir conhecimento, mas sim, formar pessoas capazes de desenvolver em si mesmas auto-conhecimento e visão crítica do mundo. É mediar de forma consistente esta capacidade , criando cidadãos autônomos,e capazes de produzir por si mesmos,é ser desafiador, pesquisador, crítico e reflexivo, mas o que vemos ainda hoje, são professores tradicionais e acomodados em sua zona de conforto, meros reprodutores, criando vítimas de um sistema insuficiente, que se tornam praticamente analfabetos funcionais, pessoas com toda sorte de problemas, pois não tem autonomia para nada, pois não são capazes de ter uma boa gestão, nem de si mesmos, nem de nada ao seu redor, uma coisa leva a outra e o professor deve ter essa consciência, por que quem educa, educa para a vida, educa um ser humano e subjetivo, que aprende progressiva e continuamente em um constante movimento de busca e absorção. Costumo ouvir muito de minha professora e de minha diretora, que a criança que nos vê, como educadores em sala de aula, registra cada respiração que damos, e estão o tempo todo tentando absorver algo de nós. Paulo Freire explica este fenômeno tão importante e esquecido por muitos professores como a inconclusão do ser humano , e, por isso para o autor “É neste sentido que reensisto em que formar é muito mais do que puramente treinar o educando desempenho das destrezas.” (FREIRE. 1996, p.14).
Outro aspecto muito importante na formação dos docentes é a relação que se faz entre teoria e prática na realidade escolar, em muitos casos, professores cansados, depois de algum tempo de regência começam a se esquecer do que aprenderam de seus professores anteriormente e começam a dar cada vez menos importância a teoria que aprenderam em seus cursos de formação,  vão se engessando em um modelo de ensino, que na maioria das vezes não atende as necessidades de seus alunos, e nem a deles próprios que vão se tornando cada vez mais frustrados e desmotivados, educadores e educandos, num círculo vicioso as teorias aprendidas vão virando puro texto inútil de hipocrisias . E prática sem fundamentação teórica, não adianta muita coisa, assim como também não tem sentido ter um monte de bagagem teórica sem saber o que fazer com ela. É também neste sentido que muitas das formações que encontramos hoje disponíveis para os professores falham,por sua pouca relevância e fragmentação ou então apenas por que o profissional não conseguiu colocar aquilo que aprendeu em prática. Muitos professores estão tão perdidos que nem ao menos sabem quais as competências profissionais que deveriam desenvolver em sua docência, pois já se perderam em tantas outras questões que muitas vezes fica difícil retornar ao foco principal.
Para Schotten é preciso sempre considerar as variáveis que interferem na qualidade de ensino, afinal, os professores não são os únicos responsáveis pelos resultados e não é justo que os mesmos sejam responsabilizados pelo fracasso escolar de alguns alunos. È preciso considerar também que o professor exerce uma atividade profissional que tem dimensão coletiva e pessoal, o que exige dele muita responsabilidade. Seu trabalho visa o desenvolvimento dos alunos como pessoas, nas suas múltiplas capacidades, e não apenas a transmissão de conhecimentos. (SCHOTTEN. 2008,p. 56).
“Não podemos aguardar que os tempos se modifiquem e nós nos modifiquemos junto, não podemos aguardar uma revolução que chegue e nos leve em sua marcha. Nós mesmos somos o futuro.Nós mesmos somos a revolução.” Beatriz Bruteau .

  • REFERÊNCIAS 
- SCHOTTEN, NEUZI.  Processos de Alfabetização – Centro Universitário Leonardo Da Vinci Indaial: ASSELVI, 2008.

Escrito por: LARISSA LOPES 

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